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sexta-feira, 18 de agosto de 2017

Filmes Inesquecíveis do Cinema - Resenha Cinéfila - A Noite dos Mortos Vivos

A bruxa passeou mesmo por Hollywood,entre maio e julho de 2017.Nessa sequência, tivemos a perda de 3 personalidades famosíssimas: Roger Moore, em maio e Adam West, em junho. O mais recente a integrar essa galeria fúnebre, foi o conhecido produtor,diretor e roteirista George Romero. Para quem é leigo e pouco conhece de cinema, basta citar que ele é conhecido como "o pai dos zumbis no cinema". Se hoje em dia,séries famosas como The Walking Dead e todo o gênero dos mortos -vivos fazem sucesso,devem agradecer ao pioneirismo e criatividade desse senhor,que em 1968, fundou esse subgênero do terror, com o clássico A Noite dos Mortos- Vivos.

Romero se foi mas deixou seu nome gravado com letras de ouro,e muito antes de partir,já estava imortalizado por sua obra.Não poderíamos deixar de prestar nosso reconhecimento pelo que ele fez,portanto,o espaço de uma obra inesquecível,de forma justa será ocupado pela  que o imortalizou.Vamos conhecer um pouco sobre esse filme e constatar porque ele é tido como um clássico cult.

A Noite dos Mortos- Vivos - Night of the Living Dead
País - Estados Unidos
Ano - 1968
Cor - p&b
Duração -  96 min 
Direção - George A. Romero
Produção - Russell Streiner, Karl Hardman
Roteiro - John A. Russo, George A. Romero
Gênero - Terror
Música - Música de estoque
Edição - George A. Romero, John A. Russo
Distribuição - The Walter Reade Organization
Lançamento - 1 de outubro, 1968
Idioma - Inglês
Orçamento - $114.000
Receita - $30.000.000

Duane Jones
Judith O'Dea
Karl Hardman
Marilyn Eastman
Keith Wayne
Judith Ridley
Kyra Schon

A radiação provocada pela queda de um satélite faz com que os mortos saiam de suas covas como zumbis comedores de gente, fazendo com que um grupo de pessoas refugiados em uma casa tenham que lutar pela sobrevivência contra uma horda sedenta de carne e sangue.

Para início dos trabalhos, é bom mencionar que essa foi uma produção realizada de forma independente. Na época, inciando sua carreira,o futuro diretor não tinha mais do que trabalhos em comerciais e alguns filmes industriais, realizados por uma pequena empresa que ele mesmo fundara em companhia de dois amigos. Cansado desse trabalho e querendo realizar uma obra do gênero terror,em companhia de um amigo, ele contratou  Karl Hardman e Marilyn Eastman, presidente e vice-presidente, respectivamente, de uma firma de filmes industriais de Pittsburgh chamada Hardman Associates, Inc., e apresentaram sua ideia para o então filme de terror sem título.Convencidos por Romero, uma empresa de produção chamada Image Ten foi formada, incluindo Romero, Russo, Streiner, Hardman e Eastman. Image Ten levantou aproximadamente $114.000 para o orçamento.

​O valor baixíssimo ditaria o rumo da produção.Sem uma verba considerável e tendo de economizar o suficiente para tocar o projeto, as limitações deram o tom da obra.Eles sabiam que não poderiam fazer um filme à altura dos clássicos da época, bancados por grandes estúdios,portanto,teriam que se valer de um bom roteiro, o talento e criatividade para superar esses percalços. Justamente o que percebemos,ao assistir o filme, é que se trata de uma produção simplista. Nenhum grande nome do cinema agregou o elenco. Efeitos eram bem artificiais e a maquiagem dos zumbis eram feitas com cera de coveiro(??) Também não haviam cenários bem elaborados,tanto que a história se concentra totalmente nos arredores de uma casa de campo, sendo que a trama se passa envolvendo em torno de 7 pessoas obrigadas a se refugiar nessa residência,para sobreviver ao ataque dos zumbis.Tal limitação no entanto foi útil para o efeito psicológico, pois passava ao espectador, a total sensação de isolamento, uma vez que estavam distantes de qualquer cidade para onde poderiam recorrer em busca de segurança.

O roteiro do filme foi escrito pelo próprio George,em companhia de John A.Russo. Ele também foi um dos editores,e segundo contam, foi também o diretor de fotografia. A história do filme é bem simples. Um casal de irmãos em visita a um cemitério, nos arredores de uma casa de campo, são subitamente atacados por um zumbi. A jovem Barbara se refugia no interior da casa, e logo se encontra com Ben, que também busca segurança. Não demora a descobrirem que o local está tomado por mortos-vivos que saíram sabe-se lá de onde,e estão dispostos a atacar e devorar quem encontrar pela frente. O rapaz lacra as portas e janelas enquanto a garota tenta se recuperar do choque.Mas não demoram a descobrir que não estão sozinhos naquele lugar. Subitamente surgem os demais personagens: Harry, um pai de família que só se preocupa consigo mesmo, sua esposa Helen, e a filha Karen, que foi mordida por uma dessas criaturas.Completam o grupo, o casal Tom e Judy. Todos foram surpreendidos repentinamente por uma avalanche de crimes em massa, com os mortos não sepultados se reanimando nos hospitais, necrotérios e velórios, atacando os vivos e devorando suas vítimas, espalhando uma contaminação em escala crescente. 

A explicação para o aparecimento desses mortos é a explosão de um satélite, cuja carga de radiação serviu como ativador no cérebro das pessoas mortas. Todos os que forem mordidos por eles ou morrerem,serão afetados e também se tornarão mortos-vivos. Acontece o que geralmente é óbvio nessa situação:os conflitos internos, diferenças de opiniões e o egoísmo logo tomarão conta do ambiente, o que levarão a brigarem entre si, até perceberem que,ou se unem para encontrar uma forma de sair daquele lugar e buscar segurança junto às estações de resgate  para sobreviventes, ou logo serão vítimas daquelas criaturas.

Romero optou em realizar seu filme em preto e branco,para lhe dar um caráter documental. Vale citar que,antes dessa obra, os zumbis já eram personagens de alguns filmes B de terror, mas não da forma como foram representados aqui. Nesses filmes,eram mais apresentados como trabalhadores ressuscitados e convertidos a mortos, por conta de magia negra.Foi o George quem fundou o estereótipo que hoje em dia todo mundo conhece: o zumbi comedor de carne humana e ávido em perseguir e caçar os seres humanos vivos. Suas criaturas, ao contrário de muitos exemplares atuais,não eram ágeis ou possuíam força fora do comum. Pelo contrário, eram bem lentas e era até mesmo possível encará-las no mano a mano. Se a pessoa fosse um Usain Boat e tivesse pernas dispostas, poderia tranquilamente sair em disparada do alcance deles. Porém, quando eles se agregavam em grupos e encurralavam, aí estava tudo perdido. Também eram mais vorazes e inteligentes

A escassez de dinheiro também refletiu bastante nos demais elementos técnicos,como os efeitos,principalmente.O sangue, por exemplo, era Bosco Chocolate Syrup jogado sobre os corpos dos membros de elenco.[A carne consumida era presunto assado. O figurino consistiu de roupas de segunda mão. Marilyn Eastman supervisionou os efeitos especiais, figurino e maquiagem. Outro mérito do roteiro é saber apresentar e trabalhar os personagens,evidenciando quem são e deixando claro suas falhas e personalidades.A história também alfinetou alguns aspectos sociais,como o racismo. Não por menos,o protagonista da obra e condutor de grande parte das atitudes do grupo, o Ben,é negro. Por aqueles tempos, para a conservadora sociedade norte-americana, aquilo era uma afronta.Também colocou o dedo na ferida, ao mostrar que, em situações de tensão,o ser humano não sabe conviver em sociedade, tornam-se irracionais e egocêntricos.O contraste entre os sobreviventes e os zumbis é que,enquanto,eles só discutem e não procuram soluções para o problema, os mortos-vivos são mais "camaradas" entre si, e até dividem o "alimento",cada um com sua parte. Essa falta de raciocínio por parte dos vivos na verdade, é o maior obstáculo pelas soluções,uma vez que, como adiantado, os zumbis nem seriam essa ameaça toda,visto suas limitações. Bastaria um pouco de união de todos.

Também é uma produção considerada revolucionária, por demonstrar com frieza, uma violência atípica para o gênero, por aqueles tempos, (final dos anos 60). As cenas dos mortos devorando carne humana foi chocante. A partir de então, houve uma revolução no gênero do terror e os filmes começaram a se tornar mais ousados em relação a isso,evoluindo para o que conhecemos nos dias atuais.O filme se encerra com uma cena abrupta,inesperada e até mesmo chocante para a época, e foi considerada bastante negativa e carregada de pessimismo. Romero foi bastante criticado e alguns grandes estúdios chegaram até mesmo a oferecer dinheiro para ele modificar a sequência e apresentar um final mais otimista.Mas ele recusou.

Visto nos dias atuais,talvez o filme nem impressione tanto, comparado aos outros representantes do gênero.Na verdade, um outro clássico,A Volta dos Mortos Vivos,de 1985, e que assim que encontrar espaço, destacarei aqui também, é totalmente superior a esse título aqui.Entretanto, por tudo o que o filme significa até hoje para o seu gênero, por ter fundado um subgênero do terror, ter definido essas criaturas para o cinema e a TV, por todo o talento dos envolvidos, é sim uma obra impressionante e vale ser festejada e reconhecida.

Até hoje figura como um grande clássico e talvez seja a maior referência ao gênero. Se produções como Guerra Mundial Z e o já citado The Walking Dead encontraram seu lugar ao sol, devem principalmente ao pioneirismo e visão de George Romero. Logicamente, uma enxurrada de produções tendo zumbis como pano de fundo,chegam às dezenas até hoje. Várias outras franquias encontraram seu reconhecimento junto aos fãs. O filme está disponível em youtube,quem nunca viu e quiser conferir ao fim dessa apresentação, é só dar um pulo lá. Só ignorem a dublagem amadora.

Na época de seu lançamento,foi um enorme sucesso crítico.Também fez bastante dinheiro.Após uma década de relançamentos cinematográficos, faturou cerca de $12 milhões domesticamente e US$ 30 milhões internacionalmente.Em 1990,ganhou um remake,com o mesmo título.

É o primeiro de cinco filmes Living Dead dirigidos por George Romero. Após o filme de 1968, Romero lançou Dawn of the Dead (1978), Day of the Dead (1985), Land of the Dead (2005) e Diary of the Dead (2008). Cada filme traça a evolução da epidemia dos mortos-vivos nos Estados Unidos e as tentativas desesperadas da humanidade para lidar com isso. Como em Night of the Living Dead, Romero apimentou os outros filmes na série com críticas específicas aos períodos nos quais eles foram lançados. Em 1999, a Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos o registrou ao seu Registro Nacional de Filmes como um filme considerado "historicamente, culturalmente ou esteticamente importante".



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