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domingo, 23 de julho de 2017

Especial Homem Aranha - Resenha Cinéfila - Homem Aranha 3 - 2007

Em 2004, durante uma entrevista de divulgação do filme anterior à extinta revista brasileira, Set, Sam Raimi declarou, quando questionado sobre os possíveis vilões do próximo filme: "Venon é para os caretas". Dessa forma ele deixava claro que não tinha nenhum apreço pelo alienígena simbionte criado nos anos 80, que se tornou um dos mais populares vilões da nova galeria do Aranha. Mal sabia ele o que lhe esperava.





Homem-Aranha 3
Pais -  Estados Unidos
Inadequado para menores de 12 anos
Ano - 2007
Duração - 139 min 
Direção - Sam Raimi
Produção - Avi Arad, Laura Ziskin, Grant Curtis
Produção executiva - Stan Lee, Kevin Feige, Joseph M. Caracciolo
Roteiro - Sam Raimi, Ivan Raimi, Alvin Sargent
Baseado em Homem-Aranha por Stan Lee, Steve Ditko
Gênero - Ação / Aventura
Música - Christopher Young
Cinematografia - Bill Pope
Edição - Bob Murawski
Companhias produtoras - Columbia Pictures, Marvel Studios, Laura Ziskin Productions
Distribuição - Columbia Pictures, Sony Pictures Entertainment
Lançamentos:
Portugal 3 de Maio de 2007
Estados Unidos 4 de Maio de 2007
Brasil 4 de Maio de 2007
Idioma - Inglês
Orçamento - US$ 258 milhões
Receita - US$ 890.871.626

Tobey Maguire como Peter Parker / Homem-Aranha
Kirsten Dunst como Mary Jane Watson
James Franco como Harry Osborn / Duende Jr
Rosemary Harris como May Parker
J. K. Simmons como J. Jonah Jameson
Dylan Baker como o Dr. Curt Connors
Thomas Haden Church como Flint Marko / Homem-Areia
Bryce Dallas Howard como Gwen Stacy
Topher Grace como Eddie Brock / Venom
Stan Lee (co-criador de Homem-Aranha) - homem que ler um boletim de notícias.

Meses após os eventos de Homem-Aranha 2, Peter Parker se tornou um fenômeno cultural como Homem-Aranha, enquanto Mary Jane continua a sua carreira na Broadway. Harry Osborn ainda procura vingança pela morte de seu pai, e um perigoso fugitivo, Flint Marko, cai em um acelerador de partículas e é transformado em um manipulador de areia que muda de forma. Um simbionte extraterrestre cai no planeta Terra e influencia pessoas como Peter a mudar seu comportamento para o pior. Quando Peter abandona o simbionte, o extraterrestre encontra refúgio em Eddie Brock Jr, um fotógrafo rival, fazendo com que Peter enfrente seu maior desafio.

O enorme sucesso crítico e financeiro deixou os produtores super animados pela terceira produção, assim como as pontas soltas deixaram os fãs entusiasmados pela conclusão.O terceiro filme entrou o mais rápido possível em fase de pré-produção,mas só seria lançado em 2007. Dessa vez o roteiro não recebeu os reforços vistos na produção anterior, o Sam, além de dirigir,iria também roteirizar,ao lado do irmão Ivan Raimi e do Alvin Sargent. O elenco central voltou mais uma vez e ganhou reforços:Thomas Harden Church, como Flint Marko,Topher Grace como Eddie Brock e a lindinha Bryce Dalas Haward como a conhecida Gwen Stacy.

Existe uma regra em Hollywood, o terceiro filme de uma franquia é sempre inferior aos antecessores.Várias franquias conhecidas já padeceram com esse ditado. Será que o Aranha conseguiria quebrar isso?

Se antes o Sam teve a liberdade criativa para fazer o que queria,e a isso se devem os méritos dos filmes antecessores, na terceira produção ele teve de conviver com um fato comum em Hollywood, a interferência dos produtores, que dessa vez resolveram colocar rédeas no controle criativo e opinar o que fazer. O resultado iremos conferir.

Pode-se afirmar que o ponto mais questionável do novo filme foi o roteiro.Além das pontas que teriam de ser amarradas, era preciso criar uma nova trama e apresentar novos personagens. Se antes Raimi não cedeu às ideias de se utilizar mais de um vilão por filme, o que foi correto, nesse aqui ele teve de se abrir às imposições dos produtores, em especial o chefão Avi Arad, que sugeriu mais vilões. Um deles seria justamente o Venon, pelo qual o Raimi não tinha nenhuma simpatia. O Avi justificou que ele era muito popular entre os novos fãs e sua presença atrairia mais público. O gênero já havia provado que colocar vilões em demasia não dão certo. Foi um dos motivos que culminou na derrocada da franquia do Batman dos anos 90, por exemplo, (confira a trajetória do Batman na coluna dos Grandes Personagens). Nesse novo filme,o Aranha enfrentaria, o novo Duende Verde, o Venon e outro conhecido vilão de sua galeria, o Homem-Areia.

A inclusão de novos personagens também bagunçou tudo, pois era preciso desenvolver e dar espaço a cada um deles. Com isso, nenhum foi trabalhado a contento. Eddie Brock, bem conhecido dos fãs de quadrinhos, é um fotógrafo rival de Peter, e com o mesmo interesse amoroso. Por pura concorrência profissional, ele cria um enorme ódio pelo herói.Porém,o maior pecado dessa sequência é a inclusão da lendária Gwen Stacy, que foi o grande amor do Aranha.Até hoje os fãs não entendem o porquê do Raimi, que era fã e conhecia a personagem, ter excluído a moça e colocado a Mary Jane em seu lugar. Sabemos que nos quadrinhos, a Mary chegou até a casar com Peter, mas essa paixão entre os dois só surgiu muito tempo depois da perda da Gwen. Bom, a personagem entra nessa terceira sequência, também a pedido dos produtores,mas não tem importância alguma para a trama,fica relegada a ser salva pelo Aranha numa cena logo no início e depois só aparece pra encher linguiça. Aliás, a cena em que ela despenca de um prédio, é a reciclagem da clássica cena em que Lois Lane é salva pelo Super-Homem, em sua primeira aparição no mítico Superman-O Filme, de 1978.

Outro personagem que dá as caras aqui,é o Flint Marko,o futuro Homem-Areia. Tudo bem trazer mais um conhecido vilão,mas a maior bola fora é mexer no que tinha dado certo. Aqui, fica sugerido que o Flint tem participação direta no assassinato do tio Ben, no primeiro filme,causando um rebuliço no que tinha sido mostrado antes. Fugitivo da cadeia,ele acaba caindo num acelerador de partículas, tornando-se a partir de então,o temível vilão que conhecemos. Mas, assim como tudo, é mal trabalhado também. O personagem tem consigo um drama pessoal,envolvendo a filha, que é depois relegado e fica sem definição.

Homem-Aranha 2 fechou sugerindo que o Harry  iria abraçar o legado de seu pai e tornar-se um novo Duende Verde, como aconteceu nos quadrinhos. Com isso, um terceiro vilão entra na história, mas essa subtrama é também mal desenvolvida. Com tantos personagens e tanta coisa precisando ser definida, Raimi torna-se preguiçoso e se perde, e acaba fazendo escolhas simplistas demais para fechar as subtramas. Além disso, ele faz uma opção desnecessária pelo humor e alonga certas sequências que se tornam  vergonhosas, como por exemplo, a ridícula tentativa do Peter pedir em casamento a Mary Jane num restaurante.

Mostrando seu desprezo pelo Venon, Raimi praticamente o descarta em grande parte da exibição,ele realmente só ocupa seu lugar como vilão nos 20 minutos finais, ao possuir o Eddie Brock. A origem do alienígena nesse filme, também é apresentada de forma preguiçosa. Ele simplesmente cai em forma de meteoro, convenientemente onde o Peter está e gruda na moto do rapaz, passando a se alimentar de suas energias e trazendo à tona seu lado mais violento.Talvez um dos poucos pontos interessantes desse novo filme,seja observar o personagem nerd e certinho,bem mais ousado e atrevido. Porém, o maior pecado cometido pelo diretor,é a versão do Peter Parker "emo", com sua franjinha ridícula. Até hoje toda a sequência não é perdoada pelos fãs, muito menos a dancinha vexatória pelas ruas de Nova Iorque e a constrangedora cena de exibicionismo na boate onde Mary Jane trabalha.

As sequências de ação também são fracas e super inferiores às vistas no filme antecessor. Algumas são praticamente cópias do que vimos antes, o que demonstra um certo descaso ou falta de criatividade mesmo. Não podemos citar nenhuma cena realmente memorável dessa sequência, nem mesmo o artificial embate final entre o Aranha e o Venon e o Homem-Areia.Outra coisa que ninguém mais suportava, era sempre a Mary Jane se ver envolvida no clímax final. Como nas vezes anteriores, ela mais uma vez é sequestrada, para atrair o herói,um déjà vu desnecessário.

O novo filme faz uma mescla entre o humor e a sombriedade, e o processo de fotografia do filme tanto sugere como atrapalha. No início mesmo, quando Peter é atacado pelo novo Duende, a cena é tão escura,que nos cinemas mal conseguia-se definir a cena. O recheio do filme são os efeitos especiais como sempre,mas em dado momento, a digitalização acaba atrapalhando e tornando a cena extremamente artificial e contrastante. Por mais que se elogiem os efeitos que dão vida ao Homem-Areia, por exemplo,percebe-se principalmente no duelo final, que ele é um ser derivado de efeitos criados em computador.

Mas não há um único ponto positivo nesse filme? Talvez o acerto de contas entre Peter e Harry na mansão do figura, após vermos ele estapear o amigo no filme anterior.

A recepção ao novo filme foi dividida na época pela crítica.Já os fãs atenderam à mítica do herói e lotaram as salas de cinema. O orçamento do Homem-Aranha 3 foi um exagero, 258 milhões,um dos filmes mais caros até hoje já realizados. Em contrapartida, foi a maior bilheteria da trilogia, mais de 890 milhões. O tempo porém, tratou de fazer justiça a essa produção. Esse ano se completam 10 anos de seu lançamento,e o filme atualmente é considerado por todos, como o pior da trilogia Sam Raimi. Ainda haviam boatos que Raimi comandaria uma 4ª produção, mas seu relacionamento com os produtores já estava desgastado e eles não tinham a mesma sintonia de ideias para um novo filme. O diretor acabou sendo dispensado, assim como todo o elenco. A saga do herói continuaria, mas seria diferente do que essa terceira produção nos proporcionou?

A carreira pós-trilogia

O triste desfecho proporcionado por esse filme não apaga de forma alguma os méritos dos anteriores.Mas como prosseguiram as carreiras dos principais envolvidos na trilogia?

Sam Raimi (diretor)

O fim tirou os holofotes sobre o competente (mas nem tanto) Raimi. Como diretor, seus trabalhos mais conhecidos foram: Arrasta-me Para o Inferno (2009) e Oz-Mágico e Poderoso (2013).Como produtor,trabalhou no remake do filme que o lançou em Hollywood nos anos 80, Evil Dead-A Morte do Demônio (2014). Já faz um certo tempo que não se ouve mais falar nele.

Tobbey Maguire (Peter Parker/Homem-Aranha)

Apesar do sucesso com seu personagem,a carreira também não alçou voos altos.Os maiores destaques como ator foram:Entre Irmãos-2009 e uma participação como coadjuvante,ao lado do amigo Leonardo Dicaprio em O Grande Gastby, de 2013.

Kirsten Dunst (Mary Jane)

Também não teve papéis de grande destaque após a trilogia,embora esteja sempre atuando. Seu último papel foi em O Estranho Que Nós Amamos,de 2017.

James Franco (Harry Osborn Jr)

Ao contrário dos colegas,a carreira deslanchou.James projetou-se como galã e do elenco original,é quem mais vem trabalhando em Hollywood. Com uma média  de 6 a 7 filmes em lançamento nos últimos anos. Os maiores destaques foram, Planeta dos Macacos - A Origem, de 2011 e Oz-Mágico e Poderoso, de 2013, novamente sendo dirigido pelo Raimi.Recentemente ele estreou na carreira de diretor com o péssimo O Instituto.

J.K.Simmons (J. Jonah Jameson)

Também é um dos mais requisitados da atualidade, com uma média impressionante de filmes por ano. A consagração na carreira veio em 2014, com sua participação em Whiplash - Em Busca da Fama. Seu personagem lhe rendeu 11 premiações, incluindo Oscar e Globo de Ouro. Outros trabalhos mais conhecidos foram em O Exterminador do Futuro: Genisys e Liga da Justiça, previsto para novembro.

Rosemary Harris (tia May)

Uma das mais esquecidas por Hollywood. Depois do terceiro filme, foi creditada somente em duas produções, sendo a última,de 2012.

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